Quem cuidará de nós em 2030?
Ruth G. da C. Lopes; Beltrina Corte
O artigo “Mooca quer virar modelo de bairro amigo do idoso”, publicado em 23 de junho de 2011, pelo Grupo Estado sensibiliza para uma realidade iminente e que demandará esforços conjuntos (e criativos!) para atender às muitas e múltiplas demandas para a gestão da velhice nas cidades. O contingente dos brasileiros com idade a partir de 60 anos já se aproxima dos 18 milhões de cidadãos, ou cerca de 10% da população, devendo dobrar em termos absolutos por volta de 2030. O título deste comentário é o da pesquisa realizada na academia que visa contribuir para a preocupante questão da qualidade de vida em um contexto de longevidade crescente. Pretende-se que ela possa orientar os esforços daqueles que se dedicam às várias modalidades de trabalho com idosos diante dos desafios sociais atuais: (i) o aumento da esperança de vida para além dos 80 anos de vida; (ii) a feminilização do envelhecimento; (iii) a pobreza, o baixo nível educacional e a exclusão social dos idosos; (iv) o aumento da necessidade de serviços de assistência à saúde e de educação permanente a idosos; (v) a crescente necessidade de apoio às famílias e a instituições sociais que os amparam e (vi) o imperativo de dotar governantes, gestores públicos, geriatras e gerontólogos com evidências técnicas para tomada de decisão. A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Católica de Brasília (UCB-DF), e a Universidade de São Paulo (USP) vêm com este projeto, propor trabalho interdisciplinar e interinstitucional para investigação sobre os cuidados e serviços disponíveis na atualidade para o segmento geriátrico da população além de se propor a investigar quais cuidados e serviços são desejáveis para as pessoas em sua velhice em um futuro não distante. A presente pesquisa objetiva explorar o ponto de vista dos gestores do sistema público de saúde assim como a visão dos usuários do sistema, tanto na região metropolitana de São Paulo quanto na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE/DF). Possibilitar uma reflexão acerca do atual modelo de seguridade social no país, e subsidiar políticas e as práticas sociais futuras em relação aos idosos brasileiros do amanhã é um desafio para todos, tendo em vista que a assistência social e a saúde pública figuram, na atualidade, como os pilares sobre os quais se sustentam os principais benefícios ora direcionados ao segmento geriátrico nacional. Até que ponto a população sabe dos cuidados/serviços que devem ser destinados aos idosos na atualidade ? E não seria providencial começarem a pensar nos serviços /cuidados necessários no ano 2030? As cidades constituem espaços que acreditamos poder ter um melhor envelhecer . No entanto, a diversidade de pessoas , etnias , raças , profissões , freqüentando lugares diversos , obrigam a se repensar o envelhecer e a longevidade dos seres que nela habitam e a especificidade dos serviços/cuidados que atendam às necessidades desse segmento. Mesmo para os mais pobres , as cidades continuam a oferecer mais chances que o campo : infraestrutura, saúde , educação , cuidados , acesso ... Compartilhar iniciativas voltadas para os direitos de cidadania da pessoa idosa visam contribuir para o processo de envelhecimento populacional.