21 de setembro de 2010

Quedas de idosos são uma epidemia silenciosa

Às vezes, um escorregãozinho de nada causa um estrago sem tamanho. Não é para menos que as quedas de idosos já estão sendo classificadas pelo Ministério da Saúde como epidemia.
Os custos sociais para a pessoa idosa que cai e sofre uma fratura são incalculáveis.
A incidência de fraturas é diretamente proporcional à idade e, quanto mais idoso, maior o risco de um problema grave.
Dados do projeto Diretrizes demonstram que o total de ocorrências é maior a partir dos 85 anos, quando o número de casos é de 51%. De 65 a 74 anos, o índice é de 32%, e na faixa etária de 75 a 84 anos é de 35%.De acordo com o Reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, a queda em idosos pode causar sérios prejuízos à qualidade de vida deste grupo populacional, podendo acarretar em imobilidade e dependência dos familiares, sem falar no índice de mortalidade pós-cirúrgico.
"As complicações advindas de uma queda vão desde fraturas mais comuns no punho, no fêmur - que pode prejudicar a capacidade de andar - e na coluna até um traumatismo crânio encefálico", adverte o especialista.
Nos casos mais graves, a queda pode provocar a morte. Considerando todo o país, somente em 2005, foram 1.304 óbitos por fraturas de fêmur, e em 2009, esse número subiu para 1.478 casos.
Fonte de preocupação
Os principais motivos de quedas são as condições físicas e motoras do idoso, que podem ser prejudicadas por influência de medicamentos, tonturas, problemas oftalmológicos, fraqueza muscular ou de audição.
Doenças articulares (artroses, hérnias de disco e bicos de papagaio) são mais incidentes nessa faixa etária e trazem limitações que também favorecem quedas, assim como a osteoporose.
"Eventualmente, as quedas podem ser o primeiro sintoma de doenças graves como uma patologia óssea ou metabólica, tumores ou ainda a fase inicial do Parkinson", reconhece o médico.As alterações nutricionais também são fonte de preocupação na terceira idade. Nessa faixa etária, a mastigação é ruim, o apetite fica alterado e a ingestão de proteínas é abaixo da esperada.
O resultado é uma aceleração da perda de massa muscular, que gera redução de força e equilíbrio. As quedas dos idosos afetam muito também a família, na medida em que o idoso que fratura um osso acaba hospitalizado e frequentemente é submetido a tratamentos cirúrgicos. Para o sistema de saúde, os custos também são altos.
A cada ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem gastos crescentes com tratamentos de fraturas em pessoas idosas. Em 2009, foram R$ 57,61 milhões com internações (até outubro) e R$ 24,77 milhões com medicamentos para tratamento da osteoporose.
Em 2006, estes números representavam menos de R$ 50 milhões e R$ 20 milhões, respectivamente.A quantidade de internações provocadas por quedas aumenta a cada ano e as mulheres são as mais atingidas.
Entre elas, foram 20.778 mil internações em 2009, e, entre eles, 10.020 mil.
Por causa da osteoporose, as mulheres ficam mais vulneráveis às fraturas. Os homens também caem bastante, mas sofrem menos fraturas que as mulheres.
Cultura de prevenção
Por questões de segurança, todo idoso deve avisar ao médico que o assiste se ele caiu nos últimos seis meses. Isso porque é comum a pessoa cair uma primeira vez e não sofrer maiores consequências, além de um susto. "No entanto, o susto pode se transformar em algo mais grave, se as quedas se tornarem habituais", ressalta Lanzotti.O investimento em prevenção poder diminuir os gastos com o tratamento para os idosos propensos às quedas. "Um exame de densitometria óssea, por exemplo, pode indicar a presença da osteoporose, doença que pode ser tratada e prevenida", exemplifica o reumatologista.
Além do estado de saúde do idoso, as quedas também estão relacionadas a causas externas. As mais comuns são os obstáculos, que podem estar em casa, ou fora dela, como raízes de árvores, degraus ou calçadas esburacadas.O ideal é que acompanhando o processo de envelhecimento, sejam feitas alterações na residência dos idosos, a fim de diminuir os riscos de quedas. A recomendação é adaptar o lar para a nova etapa da vida.
Para o médico, é preciso também acabar com o preconceito em relação ao uso de andadores e bengalas. Se eles forem indicados como um cuidado para prevenir a queda, é melhor usá-los do que lidar com desastrosas consequências. Já quando o assunto é o ambiente externo, o problema pode se agravar.
Cuidados simples podem evitar quedas e ajudar a manter a qualidade de vida do idoso. Eis alguns deles:
* O chão deve ficar livre, sem tapetes e fios de telefone expostos.* Se houver escadas em casa, elas devem ter corrimão e boa iluminação.* Cozinha e banheiro devem ter piso antiderrapante, banco e apoios para as mãos.* Os sapatos e chinelos usados pelo idoso também devem ter solado antiderrapante.* Os utensílios devem ficar em lugar de fácil alcance.* Protetores de borracha sob os pés das cadeiras evitam que o idoso escorregue ao sentar.* Camas muito baixas ou muito altas devem ser evitadas.* Evitar o uso de cera no chão.* Quinas de móveis devem ser arredondadas.* Caso necessário, o ideal é providenciar bengalas ou andadores.
Fonte: MS, 18/09/2010- Geriatria, Cuidados a idosos.
Pesquisa, formatação e envio:
José Pinheiro- Conselheiro do CONSELHO ESTADUAL DO IDOSO (CEI/SP)
Membro da Câmara Técnica da SAÚDE da PESSOA IDOSA(CTSPI), do Conselho Estadual da Saúde(CES/SP)
Coordenador da COMISSÃO DA PESSOA IDOSA, da 21ª Subseção da OAB/SP-BAURU
_______________________________________________________________

Nenhum comentário: